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Projeto financiado pela Rouanet leva música a hospitais públicos

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Os músicos que compõem a Orquestra Limiar, em São Paulo, apresentam-se nesta quarta-feira (8) em um novo palco para agradas um público muito especial: os pacientes e profissionais do Hospital São Paulo, ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Trata-se do primeiro espetáculo de uma temporada de 16 apresentações do projeto Música nos Hospitais, da Associação Paulista de Medicina (APM), que conta com o apoio do Ministério da Cultura (MinC) por meio da Lei Rouanet.

E não é só o público que se encanta com a oportunidade de assistir a uma orquestra ao vivo. Os músicos também têm uma relação especial com o projeto, distinta da que têm com outros palcos. “O projeto é diferente. Ele dá outros sentido ao trabalho do músico. Não se trata só de repetir uma frase, uma composição. O ambiente precisa de algo mais, de um alento. Levar música para o hospital é levar esperança para aquelas pessoas”, diz o maestro da Limiar, Samir Rahme, que também é médico.

Criada em 2004, a iniciativa já levou apresentações de música clássica a mais de 60 mil pessoas – foram realizadas 176 apresentações em 68 hospitais de São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Até o fim de 2018, instituições de saúde da capital e do interior de São Paulo, além de Fortaleza e Salvador, receberão apresentações do projeto.

Responsável pela curadoria musical do projeto, Samir aposta em uma mescla entre o clássico e o contemporâneo. Para o programa desta quarta-feira (8), o maestro escolheu obras de Bach, Mozart, Schubert e Beethoven. “No início, sempre tocamos clássicos. Mozart é maravilhoso para ser tocado em hospitais. Depois colocamos composições mais contemporâneas, de artistas brasileiros, MPB e até Beatles”, promete.

No programa deste ano, o toque brasileiro fica por conta da Embolada das Bachianas Brasileiras, de Villa Lobos. O concerto segue com uma adaptação de A Hard Day’s Night, dos Beatles, seguida por um tango de Astor Piazzola. É então que a orquestra surpreende e embala a todos com uma versão de Despacito, de Luis Fonsi, sucesso global em 2017 que, atualmente, tem mais de cinco bilhões de visualizações no Youtube.

Inclusão e cura

Os concertos são todos gratuitos e abertos a pacientes, visitantes e profissionais de saúde. Começam em uma área comum dos hospitais e, depois, a orquestra se divide em grupos que seguem tocando pelos corredores e quartos, para que a música chegue até os pacientes que não podem deixar seus leitos.

“A música é um medicamento e, dependendo da forma como você a conduz, pode trazer alívio para as pessoas. O semblante dos pacientes muda depois dos concertos. A música faz com que aquele dia ou aquela semana seja melhor para eles”, conclui o maestro.

Esses benefícios são comprovados por diversas associações médicas. A música tem o poder de ajudar a diminuir a ansiedade e o desconforto durante procedimentos médicos, reduzir efeitos colaterais de tratamentos mais agressivos, como quimioterapia e radioterapia, e auxiliar a reabilitação física.

Pesquisa feita pela Associação Paulista de Medicina com o público do projeto nas últimas edições identificou que 78% dos pacientes que assistiram às apresentações conseguiram driblar o peso emocional nos dias de internação e tratamento. Cerca de metade deles viu nas apresentações uma forma de se esquecer momentaneamente de seus problemas de saúde.

Propagar a cultura musical

Como se alegrar e encantar pessoas em situações delicadas fosse pouco, a iniciativa Música nos Hospitais ainda ajudar a divulgar a música para o maior número de pessoas possível. A pesquisa da APM também mostrou que cerca de 70% dos entrevistados jamais haviam estado em concerto ou apresentação de música erudita e instrumental. A cada apresentação, que chega a reunir 500 pessoas, sem considerar as que estão nos leitos e corredores das casas de saúde, mais e mais pessoas têm acesso à música.

E não basta só investir na formação de público. O projeto também visa estimular a produção musical. “Todos os anos, nós reservamos uma parte da verba para compositores nacionais, que criam peças exclusivas para o projeto”, diz o maestro Samir. “É preciso estimular e valorizar o seu trabalho”, completa.

O maestro Samir sonha em ter uma orquestra completa, pois identifica que há uma relação entre os grupos de instrumentos e o funcionamento do organismo. “Os instrumentos de corda trabalham diretamente com o coração e o pulmão, com o ritmo, o sentir. Os de percursão, com o metabolismo, o movimento e a vontade. E os de sopro estão ligados à percepção, à forma, ao pensar. Se tivéssemos a estrutura de uma orquestra completa, poderíamos ativar todos os polos do organismo dos pacientes, e a música trabalharia neles de forma mais completa também”, conclui.

Patrocínio

Desde 2007 o projeto Música nos Hospitais conta com o apoio do Ministério da Cultura por meio do principal mecanismo de incentivo fiscal e fomento da pasta, a Lei Rouanet. O projeto teve dez propostas aprovadas, uma para cada ano de 2007 a 2014, e duas outras para os biênios 2015/2016 e 2017/2018. No total, a Associação Paulista de Medicina teve autorização para captar R$3,2 milhões patrocínio para a iniciativa.

De acordo com Flávia Negrão, coordenadora cultural da APM, a Rouanet foi essencial para a expansão da iniciativa. “No início do projeto, fazíamos um ou dois concertos por ano. A partir do momento que conseguimos aprovação na Lei Rouanet, pudemos aumentar o patrocínio e fazer mais concertos. Fomos de duas para 12 apresentações e, inclusive, pudemos levar os concertos para outros estados.” Agora, o desafio é conseguir levar a orquestra também. Nos projetos da Limiar, o desejo de montar uma orquestra que possa viajar. Hoje, as edições itinerantes do projeto são realizadas com músicos locais.

Fonte: Grupo Orzil

https://www.orzil.org/noticias/projeto-financiado-pela-rouanet-leva-musica-a-hospitais-publicos/

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